Exercício e Envelhecimento: O Que a Ciência Realmente Diz?
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O Estudo
A relação entre exercício e longevidade sempre foi vista como direta: quanto mais ativo, mais tempo de vida. No entanto, um novo estudo conduzido pela Universidade de Jyväskylä, na Finlândia, questiona essa ideia.
A pesquisa analisou 22.750 gêmeos e acompanhou seus hábitos de exercício ao longo de décadas, revelando que a atividade física moderada pode ser a chave para um envelhecimento saudável, enquanto excessos podem não trazer benefícios adicionais.

Exercício e Risco de Mortalidade
Os pesquisadores dividiram os participantes em quatro grupos de acordo com seus níveis de atividade física:
- Sedentários
- Moderadamente ativos
- Ativos
- Altamente ativos
Os resultados mostraram que aqueles moderadamente ativos tiveram um risco de mortalidade 7% menor do que os sedentários. No entanto, os indivíduos altamente ativos não tiveram vantagem adicional sobre os menos ativos ao longo do tempo.
Esse achado sugere que um estilo de vida extremamente ativo não prolonga a vida significativamente mais do que a atividade moderada.
As Diretrizes da OMS São Suficientes?
A pesquisa também avaliou se seguir as recomendações da Organização Mundial da Saúde (OMS) reduz o risco de morte. A OMS recomenda:
✅ 150 a 300 minutos de exercício moderado por semana.
✅ 75 a 150 minutos de exercício vigoroso semanalmente.
No entanto, os dados indicaram que seguir essas diretrizes por 15 anos não reduziu significativamente a mortalidade. Mesmo gêmeos que cumpriram as recomendações tiveram taxas de mortalidade semelhantes aos seus irmãos menos ativos.
A pesquisadora Laura Joensuu destaca que estudos observacionais sobre exercício e longevidade frequentemente sofrem de vieses, e que mais pesquisas são necessárias para compreender os reais impactos da atividade física sobre a expectativa de vida.
Exercício e Envelhecimento Biológico
Outro aspecto analisado foi o impacto do exercício no envelhecimento biológico, avaliado por relógios epigenéticos – ferramentas que medem a idade biológica com base em marcadores químicos no DNA.
Os resultados revelaram um padrão em forma de U:
🔹 Pessoas sedentárias apresentaram envelhecimento biológico acelerado.
🔹 Indivíduos altamente ativos também envelheceram mais rápido.
🔹 O menor nível de envelhecimento biológico foi observado no grupo moderadamente ativo.
Esses achados indicam que tanto a falta de exercício quanto o excesso podem impactar negativamente o envelhecimento celular.
Outros Fatores que Influenciam a Longevidade
Os pesquisadores também analisaram como fatores como tabagismo, consumo de álcool e predisposição genética influenciam a relação entre atividade física e envelhecimento.
Eles concluíram que o exercício, por si só, não é suficiente para compensar fatores de risco genéticos relacionados a doenças cardiovasculares e pressão alta. Outros aspectos do estilo de vida, como alimentação equilibrada, controle do estresse e evitar hábitos prejudiciais, são essenciais para um envelhecimento saudável.
Conclusão
O estudo desafia a ideia de que “quanto mais exercício, melhor”. Em vez disso, sugere que a atividade física moderada pode ser a melhor estratégia para um envelhecimento saudável, enquanto exercícios em excesso podem não trazer benefícios adicionais.
O equilíbrio é fundamental: praticar exercícios regularmente, sem exageros, aliado a hábitos saudáveis, pode ser a chave para uma vida longa e de qualidade.